segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A lenda do Quarto Rei Mago Escritor: Henry Van Dyke

 
 
 
 
 
 
 
 
Conta-se que na antiga Pérsia no início dos secúlos vivia um príncipe jovem e instruído, que com pouco mais de 20 anos já dominava os conhecimentos da época sobre medicina, astrologia e linguística. Com raiar da Era nova surgiu nos céus do mundo uma estrela rutilante. E vendo aquele sinal, corre o jovem sábio a examinar antigas escrituras e profecias de seu povo, e maravilhando-se com a descoberta dirige-se a seu pai, o Rei, e conta-lhe a boa notícia:
-- Papai! Chegará a Terra o maior dos Reis, aquele que levará o mundo para um reinado de paz e amor, ninguém será maior que Ele, e suas ações e exemplo transformarão o mundo. Eu vou, papai, viajar seguindo o sinal dos céus para adorar e homenagiar este menino-rei.
Em uma alta gargalhada, disse-lhe o rei Persa:
-- És jovem, meu filho, por isso és sonhador, não existe rei nenhum que não seja da nossa grande estirpe Persa.
-- Mas as sagradas escrituras do nosso povo e as mapas astrológicos apontam pra nova era inicida com a vinda de um Rei sem igual, e a estrela caminheira aponta para as terras de Israel, e é pra lá que eu vou.
Como nada demovia Artaban do intento de encontrar o enviado dos céus, o rei persa consente.
Após alguns dias de preparativos com a aquisição de camelos, cavalos e mantimentos para a jornada pelo deserto, partiu a pequena comitiva de dois, o príncipe e um servo, ao encontro de outros 3 reis do oriente para homenagiar o Enviado dos céus. Mas antes de viajar, Artaban vende todos os seus pertences de príncipe, e  os troca por 3 pedras preciosas de rara beleza com a intenção de presentar o Rei dos reis. Apressados, inicia a viagem pelos caminhos do deserto até a fronteira das terras de Judá onde se encotrariam com Belchior, Baltazar e Gaspar, pois tinham combinado que dentro de 3 dias se algum deles não houvesse chegado partiria a caravana da mesma forma. Por isso com pressa pelas veredas seguia , até que próximo as terras da Galiléia se deparam com um velho hebreu ferido e abandonado na estrada. O corpo inerte tomava ares cadavéricos, mas o jovem príncipe ao se aproximar teve sua veste real segurada pela mão esquálida.
-- Ele está vivo!
Com coração dividido entre continuar a viagem para encontrar os outros reis magos e socorrer o doente, resolve o jovem que não poderia deixar de socorrer o infeliz vítima de salteadores, pois de que valeria seus conhecimentos medicinais se abandonasse o coitado a própia sorte. Por isso levou o doente para uma oásis dando-lhe de comer, remédios e todos os  cuidados necessários por 15 dias até que estivesse  com as forças renovadas. Resolveu neste momento continuar a viagem, mas antes de partir deixou as provisões e os medicamentos necessários para o pleno reestabelecimento do idoso. Por isso para continuar a viagem teve que vender seu diamante cristalino para reestabelecer suas provisões e mantimentos. Infelizmente por mais que fosse rápido, já era tarde, a muito os outros 3 reis magos tinham partido, mas deixaram um recado para Artaban, pela pessoa do estalajadeiro: 
-- Encontre-nos o mais rápido possível em Belém, é lá que o menino-rei nascerá.
Mais uma vez se apressou Artaban, e em poucos dias estava  percorrendo as ruas da cidade de Belém, mas notaram os viajores, que a cidade lhes pareceu abandonada, ninguém nas ruas, e batendo em uma das residências, perguntaram:
-- Mas o que está acontecendo? Por que as ruas estão desérticas?
-- O estrangeiro não soube que nosso imperador, Herodes o Grande, ordenou que todos os homens de Belém fossem levados para trabalhos em outra parte do Reino, e que as mulheres ficassem com seus filhos aguardando novas ordens-- Respondeu a mulher Judia, com um belo bebê nos braços.
-- Bem, Senhora! Eu sou da Pérsia, e estou procurando um casal com um recém-nascido especial, que nasceria aqui em Belém e seria visitado por mim e por outros 3 reis do oriente. A senhora, não os viu?
-- Sim me lembro que há algumas semanas a cidade estava muito cheia por causa do recenseamento, foi quando um casal vindo de Nasaré, por não encotrar vagas nas estalagens da cidade pernoitaram num estábulo nas cercanias da cidade. Lembro que a mulher estava grávida e naquela mesma noite ela teve um menino, mas o que mais chamou a atenção foi a visita de 3 estrangeiros vindos do oriente ricamente vestidos, como o senhor, e que passaram a noite louvando a criança. Inesperadamente pela manhã após o marido se apresentar, a família se dirigiu rapidamente para o Egito.
Enquanto conversavam, rompeu-se nas casas vizinhas gritos desesperados, era a guarda palaciana de Herodes que ia de casa em casa matando as crianças menores.
Quando um pelotão se aproxima da casa onde estavam, Artaban impede a entrada dos soldados e fala ao comandante:
-- Comandante! Esperava por sua presença para podê-lo presentear com esta bela jóia, se trata de um raro rubi, comparado a uma gota de sangue brilhante, de valor inestimável, e que te recompensará pelos seus esforços, mas posso garantir-lhe, aqui não temos criança alguma.
Fascinado com o presente inesperado, o comandante reúne sua tropa e se retira daquela casa deixando a mulher e seu bebê sãos e salvos.
Mais uma vez chegaram atrasados, e com muita pressa dirigiram-se para as terras do Egito. Percorreram toda a costa do Nilo, mas ninguém havia ouvido falar de um Rei maravilhoso, que não fosse da linhagem dos Faraós, quando já abatidos pelo desânimo em uma sinagoga de Alexandria um Levita, lhes esclarece:
-- Mas que rei é este que vocês procuram? Segundo as sagradas escrituras no livro de Isaías, o nosso Messias, o Rei dos reis, seria a luz para os miseráveis, a esperança para os oprimidos, o refrigério para os sofredores do mundo, não será encontrado entre palácios e sim com aqueles a quém veio consolar.
Agradecido pela informação, foi para Jerusalém, e entre todos os excluídos buscava encontrar o Rei. Quando chegou a um campo de leprosos na cercanias da capital do reino, compadecido com as dores e as feridas daquelas pessoas, passou o príncipe a cuidar com seus conhecimentos dos doentes, passava-lhes unguentos e curativos nas feridas, produzia chás de ervas medicinais para aliviar as dores, e assim foram passando-se os anos. 
E após 33 anos de sua saída da Pérsia, já muito amado pelos leprosos, chegou um antigo morador daquele campo totalmente purificado. Contou aos outros que foi o Filho de Deus que o limpara junto com outros 9 leprosos, todos os que receberam aquela graça se foram, mas ele voltou para agradecer e desde então anunciava as benções dos céus. Contava a todos que o Messias estava em Jerusalém e que suas palavras eram de uma beleza inestimável, que de seus olhos fluía amor, que suas graças eram incontáveis, tinha curado todos os tipos de doentes, que pregava a Esperança e o Amor em Deus.
Era ele, finalente pensou Artaban que o encontraria, por isso se dirigiu rapidamente para Jerusalém. Mas a cidade estava vazia em plena tarde da festa de páscoa, todos fugiam dizendo que 3 homens foram condenados por Pilatos a crucificação. De repente, enquanto caminhava viu uma cena inesperada: aos gritos, com as roupas rasgadas uma pobre menina nos seus 14 anos era arrastada por homens brutos.
Se interpondo no caminho daquelas pessoas, Já velho e cansado, pergunta Artaban:
-- Senhores, porque levam a jovem com tanta brutalidade?
-- Ela é filha de um negociante que morreu em dívida com o nosso amo, por isso a levaremos para ser vendida como escrava para ressarcir a dívida de seu Pai.
Segurando a pequena bolsa de couro onde se encotrava a última jóia destinada como presente ao Rei a tanto tempo perseguido, mais uma vez Artaban se divide. Que fazer? Sem muito pensar, sacou da rara pérola negra, e mostrando para os servos, lhes disse:
-- Eu compro, e dou por essa criança uma jóia raríssima só encotrada em locais remotos do oriente, são poucos os reis que tem em suas coroas uma pérola de um brilho negro como a noite. Toma-la e dai a teu senhor , diz-lhe que trocaste pela menina que muito menos vale, ele te recompensará pelo bom negócio. 
Sem pensar os homens soltaram a menina, pegaram a pérola e saíram satisfeitos. Quando num instante a tarde escureceu e as ruas da cidade tremeram, e como estavam próximos ao templo de Jerusalém , um dos seus muros desabava e uma das pedras atingiu Artabam na cabeça. Ele desmaiou, e após vários dias de delírio e febre, quando recobrou aos poucos a consciência perguntou ao servo fiel que todos estes anos o acompanhara:
-- Oronte! Cadê o Rei?
-- Agora é tarde meu amo, o teu Rei está morto, foi crucificado na mesma tarde quando libertaste a jovem da escravidão.
Mas antes que suas forças se esvaíssem totalmente, ele respondeu:
-- Não, Oronte, ele está vivo e está aqui!
E olhando para Jesus que aparecera ao lado, continuou o quarto rei-mago:
-- Ó, senhor! Mas uma vez eu falhei, sempre chegando atrasado, tentei te encontrar em Jerusalém, mas não o vi novamente, Meu sonho de juventude era te adorar, trazer para te 3 pedras preciosas de raro valor, e hoje não tenho nada para te dar, eu falhei meu Rei, perdoa-me!
-- Não, Artaban! Eu recebi todos os teus presentes. Me maravilhei com o diamante de brilho luminífero que me ofereceste ao socorrer o idoso abandonado nas estradas, me rejubilei com a gota de sangue vermelha em forma de Rubi que usaste para salvar a vida de uma criança inocente, e me emocionei com o brilho da pérola negra que me presenteaste salvando a menina da escravidão. Muitos estiveram comigo durante anos mas nunca me foram próximos, mas tu mesmo não estando ao meu lado me encotraste todas as vezes que usaste do teu amor para ajudar, consolar, amparar os homens e seus sofrimentos, por isso em verdade te digo, ainda hoje estarás comigo no Reino dos Céus!
Após ouvir as palavras de Jesus, Artaban dar um último suspiro e morre em paz ao lado de seu servo, da menina que tinha libertado, e dos leprosos que por tantos anos havia cuidado.
 
 

 
 
 
 

 
Esta belíssima estória do escritor americano Henry Van Dyke é uma parábola moderna que nos toca o coração e nos fala sobre o verdadeiro sentimento cristão. O autor do livro intitulado O quarto sábio, também foi um pastor e grande pregador americano, e em toda sua obra literária tenta abordar os ensinamentos bíblicos de amor, perdão, fé e graça.
E neste livro, que modestamente tentamos resumir em algumas linhas, o escritor nos passa em uma estória mais moderna, o que o própio Cristo nos ensinou no Sermão Profético:
´´ E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
E todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.(Mateus 25:31-40)``.
Por isso, queridos irmãos, nesta noite de natal, agradeçamos a Deus pela maior graça que ele nos deu: Cristo Jesus, e sigamos os seus ensinamentos : ´´ Amai uns aos outros como eu vos amei``. Feliz natal! Amém!